Ninguém entende que o escritor tem perturbações, medos, angústias. E isso porque faz parte de um trabalho investigativo, às vezes.
Muitos se questionam o que está fazendo um escritor em tal bairro, entrando em contato com gente, pessoas excluídas, invisibilizadas
Mas que coragem?
Não, às vezes dá medo!
Muitas vezes.
E se ele quer pesquisar sobre um tema, aí é que não sai da cabeça dele mesmo e ele tem que ir à fundo.
É impressionante como as pessoas não entendem os escritores.
Sem eles, muitos não saberiam de nada.
Se ele quer penetrar no universo das drogas, mesmo sem usá-las, ele tem que ir lá comprar.
Joga na descarga depois.
Mas os que lêem, acham que tudo é verdade, porque aí vem o ficcional!
É mais ou menos assim.
Passo por indagações sobre o que pesquiso ou escrevo, sou rotulado, se afastam de mim.
Mas no final, ficam órfãos dos meus livros.
E esse é o meu objetivo em primeiro lugar. Deixar um leitor órfão de um livro meu.
Umas portas se fecham, outras se abrem. Umas se abrem, outras se fecham.
Mas o fato é que vamos por aí povoando o imaginário dos “normóides”!
Está dito e explicado?
Uma vez, um amigo de Minas acabou de ler um livro meu, e me telefonou gritando dizendo que eu era doido.
Perguntei: “acabou de ler o livro?”. Ele respondeu: “sim.”. Então falei: “obrigado, te deixei órfão.”, e desliguei.
Portanto fica a dica com quem lida com literatura!
Nós plantamos e morremos com a árvore eterna.
Os “normóides”, esses viram pó!