
CODO
Um cero lampejo de aventura, me fez um ser abominável, dentro do meu convívio.
O certo é que me fiz de justiça divina, me aparentei uma pessoa que não era, mas, fundamentalmente, hoje passo por sacrifícios de exclusão.
O que diriam as belas crianças de outrora, se soubessem o quanto a vida suga de nós, os vivos?
E partindo do pressuposto da vidada do ano, me faço piedoso, quero curar as minhas cicatrizes de arrependimento.
Mas o fundamental é que, se fiz algo de errado, o peso caiu para mim mesmo.
Eu destruo sempre a mim mesmo.
Nada faço mal para os outros.
Só faço mal a mim mesmo.
Sou o protagonista de minhas aventuras, sou sempre a pessoa que escreve na conjugação 1.
Intérprete de sonhos, venho dilacerar as minhas propostas, elas são por demais abomináveis.
Estou convicto do desapego, material, imaterial.
O desapego das coisas que sempre gostei.
Agora estou só, solitário e abundante.
Digito, no reflexo de uma mínima culpa, mas isso apenas é pormenor.