
Diria a sábia profecia que os seres terrestres estariam condenados ao purgatório.
No meu modo de ver, estamos passando por ele.
Eu, mais do que ninguém, vivi o purgatório por toda a minha existência, por isso estou tirando de letra esta situção de confinamento.
É como se para nadar, eu sempre tenha carregado uma pedra.
Daí a minha resistência em sobreviver a essa pandemia, este enclausuramento necessário, mas de fato, sempre vivi enclausurado.
E venho aqui, neste momento, dizer que estou com a minha mente e corpo em estado letárgico, mas igualmente como sempre estive.
Por isso, estou comprometido comigo mesmo, para sair desta confinação, deste confinamento, mais resistente do que nunca.
Porque só desta forma, fazemos o exercício necessário para a vida, a barreira do viver, a necessidade de ser mais.
Eu sou blindado às necessidades da vida, sou carente de amor, saciado de prazer, efêmero como ele sempre foi.
Viver neste momento é a conjuntura dos aspectos medíocres da existência.
Vivo, e por seguinte, sobrevivo e continuo a sobreviver nesta selva de ilusões.
Tão ilustrada e tão metafórica, esta desgraça de vida!