Osmário e a Mariposa Amarela

*Daniel Barreira

Uma pessoa de má sorte, assim era a vida de Osmário ao longo dos seus recém completados 33 anos.


De família humilde, terminou – com bastante dificuldade – o segundo grau.


Começou a trabalhar eventualmente como garçom, mas nunca se fixou em emprego algum.
O que ganhava servia-lhe apenas para a básica subsistência.


Desprovido do conceito padrão de beleza, teve uma única namorada, que o abandonou por outro, tampouco possuía amigos.


Aquela semana havia sido especialmente difícil para Osmário, demitido que fora por – desastradamente – derrubar uma bandeja de copos e pratos no pequeno restaurante onde fazia bicos.


Ocorre que certos acontecimentos da vida são, por natureza, inexplicáveis: milagre, magia, coincidência, acaso… não importa do que se chame, eis que são capazes de mudar a existência da pessoa.


Osmário andava sem rumo pela praça, absorto em pensamentos mórbidos, quando se deparou com a mais bela mariposa amarela já vista. Por segundos deslumbrou-se, tirou uma foto no velho celular e ainda pensou que gostaria de ser aquela mariposa.


Passado o alumbramento inicial, seguiu Osmário a caminhar perdido, até retornar ao fim do dia para seu pequeno quarto alugado.


No dia seguinte, Osmário acordou com uma sensação diferente, sentia-se feliz, mas como se sua vida estava imersa em tanto malogro?


Abriu a janela e tomou um susto: à sua frente a bela Mariposa amarela se encontrava voando, delicadamente adentrou o recinto e fez guarida permanente no seu quarto.


Assim se passaram semanas: Osmário e a Mariposa, melhores amigos, quase amantes, dividindo o pequeno quarto.


Nestas semanas tudo mudou na vida de Osmário: conseguiu um emprego de maître num bom restaurante, ganhando 4 vezes mais do que ganhava como garçom; começou a namorar Rosinha, a mais bela moça da vizinhança; fez amigos e passou a ser respeitado por todos.


Foram os dias mais felizes da vida de Osmário, porém…


Assim como a Mariposa amarela surgiu do nada, ela desapareceu sem deixar vestígios.


Osmário entrou em desespero, procurou a Mariposa amarela por toda cidade, deixou a janela do quarto sempre aberta, mas nem sinal da Mariposa amarela.


Nas semanas seguintes, Osmário perdeu o emprego, Rosinha o abandonou, as pessoas o evitavam, retornou a permanente infelicidade, a angústia, a depressão.


Num dia triste, Osmário andava desorientado pela cidade e resolveu desistir de tudo: subiu na mureta da ponte e resolveu pular.


Antes de chocar-se ao chão, Osmário olhou de lado e pensou ter visto a Mariposa amarela.

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