
Não posso mais afirmar que a virtude dos que não alteram seu espaço de tempo, se equipare a um nítido fenômeno de normalidade.
Por um instante me permiti fazer de mim um instrumento de voz para os que possuem o transtorno neuropsiquiátrico da síndrome de Tourette.
De fato o sou.
Minha voz ecoa nos fantasmagóricos caminhos inperfeitos, traduz o reflexo de uma recuperação indistinta.
Ontem eu acordei um pouco mal, hoje pior, mas lutei para me levantar, ambas as vezes, vitimado pelo meu TOC.
Mas a realidade do desamparo faz parte dos que sofem da síndrome.
Não sei ainda quando vou pagar completamente as minhas contas.
Esse é o meu maior temor de hoje, ainda sofro o sustento da minha mãe, e isso não é demérito para mim.
Excluído do mercado profissional, nunca tive de fato chances, apesar de não me entregar nunca, continuar lutando ainda hoje.
Mas a minha militância é voluntária, não me furto em dar a minha parcela de contribuição para a soociedade.
Duas literaturas minhas são voltadas ao tema.
Tenho dentro de mim a energia de uma vida inteira de sofrimentos, de violência moral.
Luto para permanecer com a minha mente sã.
E consigo dentro de um complexo de formas e trejeitos, sobreviver nessa sociedade alienante.